Tendo assistido recentemente Disque Butterfield 8, me senti na obrigação de assistir esse premiado com a estatueta de melhor filme naquele ano, Se Meu Apartamento Falasse, no qual para conferir a atuação de Shirley Maclaine, que concorreu ao Oscar de melhor atriz com Liz Taylor na premiação de 1960. A atuação de MacLaine é muito boa, não supera a de Taylor, mas sinceramente quem manda no filme de Billy Wilder é Jack Lemmon, o ator fetiche de Wilder e que brilhou em outras maravilhosas obras (Quanto Mais Quente Melhor e Irma, La Douce) desse importante diretor nascido em 1906 na Galicia, hoje conhecida como Polónia, mas radicado nos EUA e no cinema americano.
Se Meu Apartamento Falasse é uma obra a frente de seu tempo, deve ter causado certo frisson mostrando altos executivos nova-iorquinos metidos com adultérios, celebrando noitadas e fanfarronices em detrimento aos bons costumes sempre pregados pela sociedade americana. A cena da festa de natal em que vários empregados (tanto homens quanto mulheres) da Corretora de seguros em que C.C. Baxter (Jack Lemmon) trabalha aparecem “se pegando” é revestida de ousadia, prevendo até como funcionaria muitas das relações casuais de hoje em dia, ou seja, fazemos sexo hoje e nem nos cumprimentamos amanhã, uma critica acida a uma nova sociedade que parecia surgir nesses distantes anos 60.
Na trama, Baxter é um executivo que ascende na empresa emprestando o apartamento aonde mora para que seus superiores possam ter encontros sexuais com suas respectivas amantes. Um verdadeiro motel, que parece não incomodar tanto o rapaz, já que ele esta subindo rapidamente de cargo no trabalho, fazendo ainda render a ele uma falsa e cômica fama de garanhão entre os vizinhos. Baxter se interessa por Fran (Shirley Maclaine), a ascensorista do prédio aonde trabalha, mas ela nem liga para ele. Ao voltar para o seu apartamento depois de um empréstimo para um de seus patrões, acaba descobrindo que uma das amantes dele é a sua Fran e alem disso a moça esta desacordada em sua cama depois de tentar um suicídio.
Claro que a sinopse ate sugere uma obra com enfoque mais dramático, mas Wilder trata tudo com certas sutilezas, imbuindo a realização com um humor mordaz, caracterizado pela atuação magnífica de Jack Lemmon, contido nas caretas, mas concebendo um personagem que faz o humor surgir espontaneamente, seja escorrendo o macarrão em uma raquete de tênis ou obrigando a moça a jogar cartas em um jogo totalmente desinteressante ou ainda bancando de enfermeiro para que a mesma não venha a tentar cometer um suicido novamente. No epílogo, tudo parece conspirar para que o filme termine em uma espécie de anti-romance, mas Wylder concebe uma seqüência final mágica em que coloca tudo nos seus conformes. Um filme brilhante que faz jus a fama de seu diretor.
4 comentários:
Esse é um dos melhores filmes de Wilder, sem dúvida. Na minha opinião, fica atrás apenas de "Quanto Mais Quente Melhor" e "Crepúsculo dos Deuses". Outro no mesmo nível é "A Montanha dos Sete Abutres".
Jack Lemmon foi um dos melhores atores de todos os tempos. E, com Wilder, formou uma dupla perfeita de ator-diretor. Abraço!
Fabio, tb acho QUANTO MAIS QUENTE MELHOR e CREPUSCULO DOS DEUSES melhores, mas esse é muito bom tb! Um humor acido e que funciona muito bem na proposta meio drama do filme.
Abração!
Um pecado: não vi este filme ainda. Sou fã de carteirinha do Billy Wilder e prevejo um humor ácido, algo que ele domina como poucos. www.lumi7.com.br
Júlio, é um filme que vale muito ser descoberto. Billy Wilder é gênio! Abração!
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