Se em Os Implacáveis – Fuga Perigosa de 1972 o estilo bem especifico do diretor Sam Peckinpah parece atrapalhar um pouco o andamento do filme, sendo usado ao maximo, nesse Sob o Domínio do Medo, feito um ano antes, o mesmo funciona perfeitamente, mesmo que mais contido, ate por ser uma historia que se propõe a ter menos ação em detrimento a nuances mais psicológicas e tensas imbuídas aos personagens.
Sam Peckinpah, que também é um dos que assina o roteiro, subverte uma situação recorrente da classe media americana ao colocar David Sumner (Dustin Hoffman), um professor de matemática ianque que procura paz em um povoado na Inglaterra de sua esposa. O local ideal para desenvolver seus projetos científicos e viver uma boa vida. Ledo engano, porque a sociedade local não o recebe bem, vendo o como um estranho, já que é culto e não compartilha de afazeres mais viris. Se ficasse somente no preconceito até que passaria bem, mas os trabalhadores contratados para reformar a sua propriedade desejam sua esposa e não vão se refutar a conseguir o que pretendem.
Olhando friamente a sinopse, Sob Domínio do Medo promete apenas um filme de suspense, mas Peckinpah vai alem, criando uma obra em que constrói bem o perfil de David, que é afrontado a cada momento, seja pelos trabalhadores que debocham escancaradamente dele ou por sua esposa que impõe que o marido tome uma atitude. Mas como David deveria se portar diante de tal situação ostensiva? Seria ele obrigado a ter a solução para aquilo? Já que se sentia tão vitima quanto à esposa, mas no papel de homem ele deveria tomar uma decisão... demora um pouco, mas David toma.
A violência estilizada de Peckinpah também demora um pouco a surgir nessa realização, como se quisesse segurar o recurso apenas nos melhores momentos, como na polêmica seqüência do estupro da esposa de David: cruel, mas vendo nos dias de hoje pode soar até fetichista, talvez a intenção do diretor fosse criar essa dubiedade na cena mesmo, como um fio da navalha tênue entre a violência e o prazer. O David Sumner de Dustin Hoffman é um sujeito tão arrogante e apático que em certos momentos fica difícil ficar a favor do rapaz, mas provavelmente esse foi mais um dos detalhes inseridos para tornar Sob Domínio do Medo obrigatório e mais do que interessante.
P.S.: Esse filme é mais um dos que vai ganhar um remake que parece prestes a sair, com James Marsden no papel de Dustin Hoffman e capitaneado pelo diretor Rod Lurie de A Conspiração. Dispensável?
12 comentários:
Mal lembro deste, preciso experimentar de novo, teu ótimo texto me trouxe boas lembranças! Gostei da nova organização visual do post, parabéns!
ps, não recomendo mais, mas você bem que poderia rever JOANA D'ARC de Luc Besson. Além de um filmaço, mostra uma atuação perfeita do Dustin Hoffman. abs!
Não assisti a este filme, mas estou de olho no remake que Hollywood planeja fazer de "Straw Dogs" desde a época em que Edward Norton esteve envolvido no elenco. Pena que ele saiu pra dar lugar a James Marsden, Alexander Skarsgaard e Kate Bosworth.
Ouvi dizer que o remake não vai passar nos cinemas. Logo...
Obra-prima. O filme mais tenso que já assisti.
Hoffman está sem palavras de tão bom... aliás, todo elenco está sem palavras. Um joguinho psicológico de primeira, que estuda uma sociedade machista, ou seja, eu e você (ou seja, o mundo).
Abs!
Dustin Hoffman está mesmo sublime aqui, muito mais do que um simples filme de suspense de fato. Quanto ao remake ... Tenho tanto medo, e não aguento mais essa onda de Hollywood.
Oi Celo!
Esse filme é muito bom...e a atuação de Dustin dispensa comentários!
Nossa, eu sofri um impacto de adoração quweando revi esse filme de Áquila já adulta isso sim1 Concordo contigo acerca desses filmes atuais que se entopem de efeitos especiais para tentar disfarçar uma falta de roteiro e péssimos atores. Na verdade muitos filmes atuais são repletos de efeitos só para vender aquela porcaria de 3D.
Vou confessar que não conheço muitos trabalhos do Huther,acho que conheço ele só de Feitiço de Áquila mesmo embora ele tenha feito uma participação no film,e Ritual, com Anthony Hopkins. Lembro que estava vendo esse filme com uma amiga e quando o vimos, nossa opinião foi igual: apesar de ter envelhecido, os olhos dele continuam iguais *_*.
bjs
Cris, vlw pelo elogio! Assista de novo! Mas acho pouco provavel tb, quero rever esse do LUC BESSON antes do fim do ano;
Kamila, esse vale muito uma olhada, esse remake não promete muito;
Ailton, logo deve ser uma porcaria...hehe;
Victor, um filme fodaço mesmo, grande atuação de DUSTIN mesmo, um filme de tensão desde a primeira cena;
Amanda, um turbilhão de remakes desnecessarios mesmo;
Tsu, curti teu post bastante sobre FEITICO DE AQUILA, tb gosto desse filme;
Abs a Tds!
Coincidência mesmo, Celo! Ainda não vi esse e vou procurar para suprir essa falha. Gosto de Peckinpah e e Hoffman estava no auge por esses tempos. Abraço!
O meu "logo", não foi com essa intenção. hehehe. Não associo fracassos de bilheteria a fracassos artísticos.
Fabio, assista sim! Grande atuação de Hoffman, acho q uma das suas melhores;
Ailton, sei q não, eu tb não, foi só uma zoeira...hahaha
Abs!
Nossa, inesquecível o impacto deste filme, quando assisti há tempos atrás. Você captou muito bem a situação do estupro. Hoje, com esta coisa de politicamente correto, não acho que vão deixar aquele "fetichismo" no ar... uma pena. Este é um filme precioso, de um diretor em estado de graça e o melhor Dustin (na minha opinião), já a atriz (deliciosamente linda e má) não vi em outra produção nemhuma. Gostaria de reve-la, assim como rever esta obra-prima! Quem não viu, corra pra ver.
Beto, é um filme inesquecivel mesmo, a cena do estupro Pèckinpah consegue captar com detalhes as nuances. Acho q o remake não deve chegar nem perto, mas sei lá, ne? Essa atriz tb não lembro em outro filme, mas nesse manda bem. Dustin Hoffman soberbo mesmo. Abração!
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