Baseado em aclamada obra literária de Lourenço Mutarelli, o mesmo autor de O Cheiro do Ralo, Natimorto, dirigido pelo novato Paulo Machline é uma obra bem interessante, apesar de irregular, tensa ao extremo, com certo humor acido, que carrega um forte tom teatral, mas que também apresenta um diretor com apuro para construir cenas visualmente impactantes, como uma em que o protagonista aparece coberto por vermes e baratas ou outra em que o mesmo regride a posição fetal dentro de uma banheira.
Talvez o que faça Natimorto não ser uma realização extremamente louvável seja a atuação de Simone Spoladore, que parece demorar a acertar o tom de sua personagem, que é uma cantora que parece ser forte, mas na verdade é tão frágil quanto o sujeito assexuado representado pelo próprio escritor Lourenço Mutarelli, que entrega uma interpretação visceral, na pele de um homem que entra em um processo de autodestruição física e mental enclausurado em um apartamento. A atuação bem acima de Mutarelli faz com que o antagonismo pretendido pela obra em relação aos personagens, como se ela fosse a Vida e ele a Morte, perca a força, como se toda a situação já fosse batalha perdida para a moça.
O desenrolar da trama começa com o Agente, como é tratado o personagem de Mutarelli pelo narrador, propondo a Voz (Simone Spoladore) que eles abandonem a vida externa e vivam uma outra reclusa em um quarto de hotel por quanto tempo puderem. O Agente acredita em astrologia e lê as cartas, na falta delas, começa a ler aquelas fotos de informações sobre doenças nos maços de cigarro, que são acesos e fumados em profusão, fazendo assim um comparativo com as cartas do Tarô. Algumas comparações soam altamente criveis, criando um paradoxo com a própria existência do ser humano. A sorte lida no maço de cigarros é o reflexo do que vai ser o dia deles, como a foto do Natimorto, que aparece como um dos principais simbolismos da obra.
Carregado de algum misticismo, com diálogos bem escritos, pena que em alguns momentos mal representados, uma trilha sonora que exalta a sensação de claustrofobia que o diretor concebe com a sua câmera muitas vezes colada ao rosto dos atores ou enquadrando apenas suas bocas e expressões, Natimorto se mostra como um sopro de originalidade em meio a produções nacionais tão iguais. Pode não ser um supra-sumo, mas dá para dizer que é cinema bem feito e de qualidade.
9 comentários:
Olha, não conhecia esse filme. Fiquei interessada neste teu texto! Muito bom!!
Kamila, vlw pelo elogio, NATIMORTO é um filme interessante mesmo.
Oi Celo..dá uma olhada nas outras postagens de cosplay que eu fiz que vc verá que existe pessoas mega profissionais que gastam fortunas para ficar impecáveis...
Ah e eu adorei a imagem que vc colocou pra ilustrar o filme..deu vontade de ver.
bjs
Tsu, olharei sim, o pessoal não mede esforço quando quer homenagear um idolo, entendo como é. Vou passar e dar uma olhada sim. Teu blog é show!
NATIMORTO é um filme legal, vale uma olhada sim! Essa imagem é uma das mais fortes do filme.
Fique com vontade de vê-lo. Gosto de filmes forte e provocantes. Gosto dessa sensação de vertigem. Valeu...
Massa cara! Como fã de filmes de terror, fico feliz que o mercado esteja crescendo no Brasil (ainda que haja muita coisa p avançar). Em relação a filmes trash, não sou muito exigente quanto a qualidade. As vezes é até engraçado quando as atuações são ruins, rsss.
Parece ser um filme legal, vou procurar ver. Gostei muito do seu blog. Também tenho um onde falo bastante de cinema também. Se quiser dar uma passada lá, taí o endereço: prunosland.blogspot.com
Abraçoss
Maxwell, NATIMORTO dá essa sensação de vertigem mesmo;
Bruno, feliz por o blog ter mais um leitor! Vou dar uma olhada no seu blog sim, com certeza! NATIMORTO apesar de não ser um terror explicito guarda algumas nuances do genero sim.
Abração a Tds!
Celo, você é muito bonzinho com nosso cine tapuia, hehehe.
Que isso Betão! Não gostou do filme? Eu gostei, mas sei q não é um primor.
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