Dick (Scott Wilson) é um americano médio típico do interior, gosta de caçar com seu rifle, de tomar seu uísque e de mulheres. Perry (Robert Blake) é metade índio e metade homem branco, com tendências homossexuais, ex – combatente da Guerra da Coréia, toca guitarra e acredita que os antigos mapas de seu pai guardam os lugares de tesouros escondidos. O que eles têm em comum? Passaram uma temporada juntos na cadeia. E será que em parceria eles poderiam formar uma terceira personalidade impiedosa e cruel, capaz de cometer atrocidades? Bom, essa foi à conclusão para o assassinato de uma familia inteira acontecido em Holcomb, uma cidade rural nos EUA de 270 habitantes, em 1959, que rendeu o romance literário concebido pelo talentoso escritor americano Truman Capote.
A Sangue Frio, dirigido e roteirizado por Richard Brooks, de filmes notáveis como Gata em Teto de Zinco, é a adaptação cinematográfica para a obra de Capote. Uma produção contundente, que narra o planejamento improvavel, a execução um tanto atrapalhada do crime, a lenta investigação, a facil captura dos criminosos e a temporada em que passaram no corredor da morte. Mesmo que de maneira não linear, a narrativa acaba sendo um acerto para a fluência do filme, que envolve de maneira impressionante. Os protagonistas da historia são os assassinos Dick e Perry, que aparentemente tiveram um relacionamento na temporada que passaram atrás das grades, mas que em nenhum momento é confirmando, a não ser pelos momentos em que Dick chama Perry por “benzinho” ou “doçura”. Durante o tempo que esteve preso, Dick ouviu uma historia de um preso que acreditava que a família Clutter possuía um cofre em casa com 10 mil dólares, o que acabou sendo a mola propulsora para o massacre.
O que torna A Sangue Frio uma obra diferenciada é o tratamento dado ao texto de Capote. Nas mãos de um outro cineasta o filme renderia um trilher dos mais óbvios, com um personagem central investigador e os criminosos retratados de maneira distanciada, mas Richard Brooks, acostumado a dramas, traça o perfil dos assassinos, com direito a momentos delicados, como uma seqüência em que a dupla ajuda um garoto e seu debilitado avô ou flashbacks que remontam o passado do perturbado Perry, assombrado pelo pai e que em momento crucial o rapaz afirma que o odeia, mas também o ama. Claro, que a obra também possui seus momentos violentos, como a tensa e cruel seqüência em que os assassinatos são mostrados e se dispõe da meia hora final para narrar os derradeiros momentos da dupla no corredor da morte, criando as cenas mais emocionantes e tristes do filme e ainda não deixando de fazer sua critica ao sistema judicial americano. Simplesmente um filmaço, que com certeza influenciaria um bocado de outros que viriam, obrigatório para qualquer cinéfilo que se preze.
P.S.: Agradecimentos ao bom amigo Cristiano Contreiras, do excelente blog Apimentário, que me abriu os olhos para essa pérola. Quando se pensa que assistiu a maioria dos filmes importantes, sempre aparece um bocado a ser assistido. Que maravilha!
9 comentários:
Sem dúvida, uma obra-prima. Um filme que me toca profundamente, pela maneira como o diretor não julga mas apresenta de maneira cruel e humana os dois assassinos - com suas complexas personalidades, por sinal adoro o tom psicológico do filme. E o que dizer da fotografia? aquela cena no vidro da janela na chuva refletindo no rosto do Perry como se fossem lágrimas é uma das coisas mais sensíveis que já vi na Sétima Arte.
Belíssimo trabalho mesmo, tão fiel ao livro do Truman! Parabéns pelo texto!
Sabia que gostaria! rs
abraço
É um dos grandes filmes dos anos sessenta e que tinha o bom Robert Blake como um dos assassinos. Ele que se meteu numa terrível encrenca ao arquitetar a morte da esposa há alguns anos.
Para complementar o filme, é quase obrigatório assistir a "Capote" com Philip Seymour Hoffman.
Abraço
Cris e Hugo, obrigado pelos execelentes complementos a postagem. A Sangue Frio, inegavelmente é um filme soberbo, bom demais! Capote eu assisti e gostei, mas mesmo assim demorei a conferir esse, não deveria ter demorado tanto. Cris, aquela cena é notavel mesmo, realçada no HD q conferi o filme. Abs a tds.
Nossa,Celo!!!Desenterrou esse filme!!Caraca,eu era piralha quando tentei assistir(só tentei,né,porque nem na metade do filme minha mãe acordou e desligou a tv dizendo que não era filme pra criança..affs)!O teu post me deu vontade de ver,Celo!Acho que vai ser um dos que verei esse findi!Baita abraço e obrigado pelo constante apoio lá no blog.É muito importante pra gente poder contar com você!! =D
http://thecinefileblog.blogspot.com/
Kuki, eu q agradeço a sua presença no meu humilde espaço, seja sempre muito bem vinda! A Sangue Frio é um grande filme, agora q é adulta...hehehe...não deixe de assistir. Vale a pena! Grande Abraço.
Com certeza verei!!!Tanto que já estou baixando!O problema é que eu tinha uns sete anos e era o que muitos consideram uma garota esquisita(eu curtia cada coisa nessa idade que tu nem faz ideia,Celo!!!Minha velha pirava...kkk...)Se não fosse a facul,olharia ainda hj...rsrsrs..Beijusss!! =D
Kuki, qd era criança tb curtia coisas diferentes, como Iron MAiden, q curto até hj, minha mãe tb arrancava os cabelos...hehhe...veja e depois me fale. Vc tem Facebook? Depois me passe se tiver, poderiamos trocar umas ideias cinematograficas.
Ahh,teu blog não tem nada de humilde,tu escreve super bem e o layout é gostoso de ver,agrada aos olhos!Eu já me sentia uma amadora escrevendo lá no blog,mas lendo os teus post e de mais alguns blogs de cinema que sigo,me sinto no primário!!Mas um dia eu chego lá!!Talvez na minha 50ª postagem..rsrsrs...Beijusss e mais uma vez obrigada!!! =D
meu face: http://www.facebook.com/kuki.bertolini
pode adicionar =D
beijuss!!!
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