O filipino Brillante Mendoza é um cineasta que ficou conhecido por obras polemicas como Serbis e Kinatay, filmes que tratavam de homossexualidade e violência de maneiras ousadas, não assisti nenhum dos dois e o seu mais recente Lola é minha primeira incursão na filmografia desse diretor, que cada vez mais vem se tornando cult entre os cinéfilos.
Porém, pelo que andei lendo, em Lola, Mendoza se despe um pouco do estilo visceral que chamou a atenção anteriormente para apostar em um tom mais documental para contar a historia de duas senhoras, na verdade duas vovós ou Lolas como na língua local. O neto de uma delas é acusado de assaltar e assassinar o neto da outra, e as duas, desprovidas de informações ou entendimento, se vêem envolvidas no desfecho dessa situação que acaba indo ser resolvida na justiça.
A obra de Mendonza é de uma lentidão impressionante, como se o diretor quisesse captar a miséria do seu povo sem pressa; miséria e pobreza que são mostradas de maneira crua e cruel, em nenhum momento dando esperança aos personagens. A câmera acompanha as Lolas, contemplando suas tristezas e desencantamentos, o filme possui poucos diálogos, alguns bem desconexos, o que também pode desinteressar, muito da historia é contada de maneira visual, com a chuva incessante, os guetos alagados, vielas imundas, casas totalmente insalubres, ruas lotadas e violentas, com assaltos acontecendo a todo momento. As atuações também se confundem muito com a vida real daquele povo, o que também torna difícil a avaliação.
Apesar de ser uma realização que não cria muitas emoções, apenas expõe, até por focar os personagens com certo distanciamento, o que exalta ainda mais o tom de documento da obra, Lola possui uma cena muito emocionante, quando durante uma tempestade, um cardume de peixes vai parar dentro de uma casa que beira o rio, trazendo fartura e felicidade para a família, uma cena que brinda o expectador com alguma ternura. No mais, Lola é um filme um tanto difícil de assistir os seus quase 100 minutos, o que comprova minha afirmativa foi quando as luzes do cinema se acenderam e seis das dez pessoas presentes na sala estavam dormindo.
2 comentários:
Emocionante! Cativante! Assisti na sala da Livraria Cultura.
Abraços
Rodrigo
Rodrigo, que bom que gostou, achei o filme no maximo interessante, não me cativou como deveria, mas respeito a obra.
Grande Abraço tb.
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