Michael Petersen (Tom Hardy) é um lunático/psicopata que entra e sai da cadeia desde bem novo. Michael sonha grande, quer ser famoso e para isso precisa de um nome artístico, um nome imponente, que represente o seu desejo de matar, nada mais apropriado que Charles Bronson, que é como quer que fique conhecido. O envolvente, violento e artístico Bronson do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, conhecido também pelo mais recente Valhala Rising, é a incrível e surreal historia baseada na trajetória do presidiário mais famoso da Grã – Bretanha. Michael/Bronson era tão alucinado e violento que chegou a passar 30 anos na solitária.
Nicolas Winding Refn (é bom ficar de olho nesse rapaz) transforma a historia do presidiário em uma obra explosiva, visceral, mas imbuída de humor negro e sarcasmo. A seqüência inicial da o tom da película: Michael aparece como se estivesse protagonizando uma apresentação stand – up, em que o que vai falando, vai sendo contradito com as cenas que vão pipocando freneticamente na tela. Praticamente o filme todo vai sendo narrado como se fosse um show, mas a intensidade das inserções teatrais vai diminuindo durante a exibição, alias, as entradas são ótimas (uma das minhas preferidas e quando Michael aparece com o rosto pintado, fazendo dois personagens), o que faz o expectador ficar esperando sempre pela próxima.
A inserção de certa comicidade nessa realização provavelmente se deve ao excesso de violência do protagonista, talvez numa forma de aplaca – lo. O ator Tom Hardy entrega uma atuação icônica, que eleva seu nome, o seu Michael Peterson é amoral e distopico, mas ao mesmo tempo consegue passar certa ingenuidade, como um animal descontrolado, tanto que em uma das cenas chega a lutar com rotweillers. O mais incrível é que se Michael não fosse tão insano, talvez ele fosse um excelente boxeador, o sujeito tinha socos potentes. Apesar de cometer atos totalmente reprováveis, o protagonista consegue ser extremamente carismático, tanto que é retratado um improvável romance no pouco tempo em que esta livre das grades.
Bronson também é repleto de cenas marcantes, como uma em que esta preso em um hospício e rola tipo um baile, com uma seqüência em que todos os pacientes dançam super chapados ao som de “It´s my Sin” do Pet Shop Boys, para entrar na historia, ou quando começa a praticar lutas clandestinas no tempo em que fica solto ou quando perto do epílogo ele começa a desenhar para libertar sua fúria, mas num acesso de loucura se tranca com o psiquiatra e pratica no pobre homem toda a sua arte. Para o bem da humanidade, Michael Petersen ou Charles Bronson, como é mais conhecido, continua nas mãos das autoridades britânicas e sem data para ser libertado. Em seus delírios sempre salientava que queria ser famoso e transformar sua vida em arte, parece que conseguiu.
O verdadeiro Michael Petersen/Charles Bronson
4 comentários:
Ótimo texto. Fiquei bem interessado em ver o filme. vai pra fila das prioridades!
Ailton, obrigado pelo elogio, vindo de vc me faz ficar vaidoso...hehehe...Não deixe de assistir esse filme, adoraria ler uma resenha sobre essa obra escrita por vc. Um abraço.
Já havia lido sobre o filme, mas não tive oportunidade de conferir. Fique ainda mais curioso com seu texto.
Agora sobre o diretor Nicolas Winding Refn, ele fez o fraquinho "Medo X" com John Turturro. O único filme que assisti deste diretor.
Abraço
Hugo, não assisti Medo X, mas Bronson vale muito a pena, principalmente para nós que assistimos muitos filmes e sempre asseamos por novos ares. Vlw.
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