Nova adaptação para o romance da escritora inglesa Charlotte Bröne , Jane Eyre é a quinta versão para esse aclamado texto dessa romancis...

355 - Jane Eyre (Cary Fukunaga/2011)


Nova adaptação para o romance da escritora inglesa Charlotte Bröne, Jane Eyre é a quinta versão para esse aclamado texto dessa romancista. Antes de tudo, devo dizer que das realizações anteriores não assisti nenhuma, mas parece ser uma história que fascina desde os idos do cinema, porque até o lendário Orson Welles participou da produção de 1943. Mesmo na falta de um comparativo, não me furto a dizer que esse filme dirigido pelo novato diretor americano Cary Fukunaga é uma das boas coisas de 2011, mas talvez pela falta de divulgação ou saturação do mercado em relação a filmes de época tenham privado essa obra de uma sorte melhor no cinema, já que a abertura americana foi bem discreta e provavelmente deve pintar no Brasil apenas para home-video.

Logo no começo do filme, vemos Jane Eyre (Mia Wasikowska) ser encontrada quase morta por um Pastor (Jamie Bell), que instantaneamente recolhe a moça para cuidados e parece sentir uma atração por ela, mesmo que não explicitada, afinal ele é um homem de Deus, mas em certo momento não deixa de mostrar seu real interesse por Jane. Quando ela volta à realidade, suas lembranças vão surgindo mostrando os motivos que a levaram aquela situação traumática, desde sua infância órfã em um internato para meninas, que lhe talhou como uma pessoa taciturna que inibe seus sentimentos, mesmo parecendo com vontade de liberá-los furiosamente, mas o condicionamento violento pelo qual passou a comanda quase que de maneira involuntária; até o momento em que começa a trabalhar como preceptora de uma menina na casa de um nobre conhecido como Rochester (Michael Fassbender). Na casa do homem, Jane se descobre como mulher, que ainda é dotada de amor e que pode fazer alguém feliz e esse alguém é o seu patrão, que no começo despreza a moça, mas logo se mostra que é recíproco no amor em relação à Jane, mas um fato misterioso pode atrapalhar toda a felicidade do casal. Então, Jane se vê no impasse entre um casamento seguro ou uma relação instável com o amor de sua vida.

Um dos pontos mais competentes de Jane Eyre é trazer um retrato plausível da época em que se passa, aonde mesmo os personagens tendo riquezas, tudo parece um tanto decadente e não somos abstraídos pela luxúria ou libido de outras produções parecidas: aqui tudo parece meio frio e duro. Os protagonistas são cheios de reminiscências, o que rende bons e românticos diálogos e que inevitavelmente também surgem como duelos, se enquadrando muito bem na proposta do filme de ser belo e ao mesmo tempo melancólico. A criticada Wasikowska entrega uma Jane Eyre impressionante, com seus silêncios cortantes e olhares esclarecedores, afundada em pensamentos que nem ela mesma consegue entender. Fassbender também não fica atrás e em uma atuação imponente prova porque é um dos melhores atores em atividade. Não posso deixar de citar a fotografia que é outro destaque do longa, trazendo enquadramentos que lembram pinturas naturalistas e dão um charme todo especial a essa excelente obra que não merece ficar relegada ao esquecimento. Assistam porque vale muito a pena. 


10 comentários:

Filme que considero o segundo melhor do ano, depois do MELANCOLIA. Uma pena mesmo que poucos percebam o quão forte, bonita e bem adaptada é esse trabalho. Mia e Michael são os grandes destaques, mas até Jamie Bell se mostra um ator competente na pequena participação. Eu realmente lamento se ele for lançado, como parece, diretamente em dvd. Enfim, que bom que gostou e teu ótimo texto mostra bem a importância da obra! abs

Alan Raspante disse...

Verei mais pelo elenco do que do filme propriamente dito.

Ahhhhh, mais um que ainda não vi!!!

Pelo jeito a lista do meu bloquinho de sugestões está crescendo...

Sua resenha me fez ficar interessada...

bjsssss JoicySorciere - Blog Umas e outras...

J. BRUNO disse...

Também ainda não vi Celo.... por você e o Cristiano o apontarem como um dos melhores do ano, tenho certeza de que é uma grande obra, vou procurar por ele... [preciso estar mais atento aos lançamentos]

http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2011/12/o-garoto-de-bicicleta.html

Unknown disse...

Cris, valeu pelos elogios meu caro, somente conheci esse filme por sua intervenção, não considero o segundo melhor, mas definitivamente é um bom filme;

Alan, já é alguma coisa...hehehe;

Joicy, minha querida, estou em falta contigo, mas tenho q passar no teu blog com mais calma;

Bruno, bom filme, acho q vai gostar, é bom mesclar lançamentos com filmes antigos, rende comparações boas;

Abs a Tds!

J. BRUNO disse...

O diretor de fotografia dele é o brasileiro Adriano Goldman, estou curioso para ver o trabalho dele no filme...

J. BRUNO disse...

Acho que já perdi a conta de em quantos filmes Michael Fassbender está neste ano...

Anônimo disse...

Achei a leitura do Fukunaga bastante interessante - ainda que a adoção do início in media res meio precipitada e equivocada. O visual é realmente fascinante.

http://ornitorrincocinefilo.wordpress.com

Unknown disse...

Bruno, é um trabalho de fotografia esplêndido, nem sabia que era um brasileiro. Fassbender realmente fez muitos filmes esse ano.

Onitorrinco, valeu pela visita, no meio do filme a trama parece confundir, mas não chega a atrapalhar o andamento do filme.

Abs!

Natalia Xavier disse...

Adoro Fassbender. Ele tem uma expressão tão convincente, em praticamente todos os papéis que assisti com ele.

Fazia tempo que eu não via um bom romance épico como esse. Ainda prefiro o romance da irmã de Charlotte, mas Jane Eyre não fica pra trás. Só acho exaustivo tantos remakes, mas com esse, mesmo com pouca divulgação, acho que já deu.

No mais, é um lindo romance mesmo =)

Abs!!