Dono de uma extensa filmografia, com cerca de 60 filmes no currículo, o diretor português Manoel de Oliveira mesmo no alto de seus 103 anos parece ainda fazer cinema com amor, visível nessa sua ultima obra adaptada de um conto do escritor Eça de Queiroz intitulada Singularidades de uma Rapariga Loura. Existe um lirismo presente, com cenas esmeradas em detalhes. Evidente que Oliveira concebe um filme menor dentro da sua própria carreira, que detêm algumas preciosidades como Um Filme Falado de 2003, mas mesmo sendo minimalista, ainda assim é envolvente e delicioso em sua apreciação rápida de pouco mais de uma hora.
A historia parte de um ponto de vista de um romance a primeira vista contado pelo jovem Macário (Ricardo Trepa), um empregado administrativo de uma loja de departamentos, e a bela Luísa (Catarina Wallenstein), uma jovem que passa boa parte de seu tempo a se abanar com um formoso leque chinês na janela de sua casa, que vem a dar direto na sala de Macário e por onde os dois se apaixonam, mesmo que sem trocar uma única palavra. A partir do momento em que se encontram, Macário promete casamento à moça e como seu tio e patrão é contra a união, dificulta a parte financeira do rapaz que precisa se virar para conseguir dinheiro para a cerimônia e os preparativos.
Singularidades de uma Rapariga Loura ainda é um filme que o humor surge de maneira sarcástica, mas mesmo assim polida. Alias, é um filme francamente educado na representação de seus personagens, até mesmo nos momentos conturbados, rendendo um anacronismo para como eram delineadas as relações antigamente, principalmente na Portugal do lendário Oliveira.
6 comentários:
Manoel de Oliveira é querido e respeitado. Uma pena que seus filmes atingem um público restrito em cinemas alternativos e em poucas salas e sessões.
Concordo com você que esta fita é menor do que tantas outras. Gosto muito, por exemplo, de "A Divina Comédia" e "A Carta". Realmente seu humor é refinado.
Abs.
Outro cineasta cuja a obra ainda não tive oportunidade de conferir... Já ouvi falar da obra literária mas nem sabia que ela tinha sido adaptada...
http://sublimeirrealidade.blogspot.com/2011/12/o-silencio-de-melinda.html
Acho que o filme é menor apenas na duração. Considero-o uma obra-prima, mesmo tendo visto apenas quatro ou cinco filmes do cineasta.
Oliveira não recheia sua história com momentos insignificantes, o que está no filme é estritamente o necessário. Nada é desperdiçado. Pode ser pequeno em sua filmografia, mas é gigante no contexto do cinema comercial.
Abraço.
Taí um cineasta que, confesso, ainda tive qualquer contato com sua obra. Preciso ajeitar isso com urgência!
Um feliz Natal para você também, Celo. Também fico igulamente feliz por ter conhecido você e seu espaço, um dos melhores da net por seus textos sinceros e apaixonados. Afinal, só tendo mesmo muita paixão pelo cinema para conseguir cumprir uma meta tão difícil! Um grande abraço!
Rodrigo, Manoel de Oliveira é um tipo de cinema mais restrito, pena, tenho q conhecer mais de sua filmografia, ainda não vi esses q vc citou;
Bruno, ainda dá tempo de conferir Singularidades esse ano...hehhe, vale a pena;
Ailton, é um filme diferenciado mesmo;
Rodrigo, nem dá para comparar com cinema comercial, pq a maioria do cinemão tem se mostrado tão sem criatividade. Manoel de Oliveira com seus 103 anos chuta bundas!;
fabio, conheça Oliveira! Vlw pelos elogios e Boas Festas meu camarada. Tamos Ai!
Abs a Tds!
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