Preconceito, intolerância, violência gratuita, bullying ou qualquer outra alcunha que receba, esses tipos de situações são temas recorrentes...

323 - 324 - 325 - Três Dramas com Temáticas Semelhantes

Preconceito, intolerância, violência gratuita, bullying ou qualquer outra alcunha que receba, esses tipos de situações são temas recorrentes no cinema e explorados muitas vezes em ambientes escolares, como se fossem um estudo de como muitas idéias erradas podem ser semeadas, muitas vezes até partindo dos próprios educadores. Normalmente obras que partem por explorar essas premissas e sua nuances conseguem trazer um retrato contundente, emocionado e ainda polêmico. Os três filmes apresentados nessa postagem, possuem temas semelhantes, abordados de formas diferentes, mas que valem ser descobertos:

- Código de Honra (School Ties/Robert Mandel/1992)

Das três obras em questão, Código de Honra é a mainstream da trinca, com atores hoje famosos em inicio de carreira como Brendan Fraser, Matt Damon, Ben Affleck, Chris O´Donnell e a bela Amy Locane. Também é o filme que apresenta uma visão mais sensível e romântica dos temas preconceito e intolerância. Na historia passada nos anos 50, David Greene (Brendan Fraser) é um rapaz humilde que ganha uma bolsa para estudar em uma escola renomada por conta do seu talento no futebol americano. A falta de status social logo é aceita pelos seus colegas quando os dotes esportivos de David são revelados, levando-o ao posto de ídolo do colégio, mas quando um de seus colegas descobre que David e de origem judaica tudo muda, sofrendo represálias e discriminação de outros estudantes e até sendo acusado de “colar” em uma prova, o que era considerado crime no colégio, que possuía uma espécie de código próprio aonde os alunos que tomavam as decisões. Claro que Código de Honra é repleto de clichês, não tinha como ser diferente, mas todos parecem bem usados e apesar de Fraser conseguir entregar uma boa atuação, quem rouba todas as cenas é um bem jovem Damon, fazendo o papel de riquinho enciumado com a fama repentina de um pobretão e ainda mais judeu. O filme tem um andamento bom, com algumas cenas românticas e levando o expectador a refletir sobre os traumas e conseqüências que podem nascer do preconceito. Porem, o epílogo excessivamente tradicionalista e hollywoodiano acaba aliviando algumas questões e fazendo o filme  valer mesmo como uma boa diversão;

- Entre os Muros da Prisão (Lês Hauts Murs/Christian Faure/2008)

Produção francesa baseada em fatos reais, Entres os Muros da Prisão é o retrato de uma instituição de ensino supervisionado para garotos que perderam a família ou eram deixados por elas durante a segunda guerra. A historia vai se formando a partir do olhar do escritor Yves Treguier (Emile Berlinger), que após vencer seu tempo no orfanato, é enviado com 14 anos para uma instituição dessas. Bom, o tema aqui passa até por certo preconceito, porque as crianças são órfãs e ainda consideradas malditas, principalmente as que foram abandonadas pelos parentes, como um triste garoto que foi deixado pela mãe que casou com um abastado homem que não suporta a presença do menino e prefere que fique naquela instituição, mas o principal foco é na violência que sofriam as mais jovens e recentes por parte de internos mais velhos. Então nem precisa dizer que é um filme bem sofrido, com cenas de surras, estupros e maldades de diversos tipos. Apesar de um quadro nada amigável, a trama cria uma nuance mais sensível na abordagem da amizade entre Treguier e um outro rapaz que assim como o escritor tem o sonho de fugir daquela verdadeira prisão. È um filme triste, mas muito bom, definitivamente vale uma olhada para refletir sobre todo o poder destrutivo que uma guerra pode ter sobre seres humanos, principalmente aqueles que estão em formação, ainda ingênuos ou com falta de entendimento do assunto;

- Evil, Raízes do Mal (Ondskan/Mikael Hafstrom/2003)

Primeiro filme de Hafstrom a realmente chamar a atenção, tanto que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro na premiação de 2004, o sueco Evil é o retrato contundente de um colégio interno aonde o pensamento nazista ainda ecoa. A trama se passa um pouco após a segunda guerra, e acompanha a vida do rebelde e talentoso Erik Ponti (Andréas Wilson excelente), um jovem que é enviado pela mãe para essa escola por apresentar um comportamento considerado totalmente reprovável, mas que é embasado e justificado pela violência que sofria em casa por parte do padastro. Ao chegar a imponente e decadente instituição, que se gaba por ter formado os “melhores” homens da Suécia, Erik se vê dentro de um local incrivelmente segregacionista, aonde os alunos são separados por castas ou linhagens e aonde a maioria dos professores pregam um cultura ariana. O rapaz, por não ter nenhuma linhagem e não querer se adaptar as brutas regras é afrontado a todo o momento pelos alunos que formam o conselho que rege as leis do local. Diferente de filmes que divagam esse tipo de tema mostrando o protagonista como vitima, Hafstrom (que também escreveu) mostra Erik usando de artifícios inteligentes para revidar a violência que sofre, aliado a um outro rapaz intelectual, eles fazem referencias a Gandhi e a resistência sem violência. Apesar desse inicial clima pacifico, a violência não demora a aparecer e em certo momento a intenção é de criar um tipo de vingança contra todo aquele sentimento preconceituoso e intolerante. Claro que a partir disso muitas das atitudes de Erik são tão reprováveis quanto à de seus algozes, mas o rapaz acaba sendo o fruto do meio em que vive: se adaptar para sobreviver e nesse ponto é que o filme ganha tensão e cresce em emoção. Talvez seja o menos reflexivo, porque ele tende a dissipar esse clima, mas sem dúvida é a obra que provavelmente vai mais interagir com o expectador, criando angustia e fazendo o sangue ferver. A construção da trama leva a uma inevitável cena em que Erik se rende as provocações e parte para o revide violento de fato e é tão crua e que diria que nunca uma briga de escola foi tão regozijante. 





14 comentários:

Que post bom! não conheço nenhum dos três filmes, mas, claro, as abordagens me cativam - acho que o segundo, inclusive, possa ser o mais atraente. Gosto da maneira como você sabe pontuar as problemáticas de cada um, me deixou mais motivado a ver! Abs

renatocinema disse...

Concordo com Cristiano.....infelizmente, não vi nenhum dos 3. Mas, as abordagens realmente são cativantes.

Sempre ouvi falar bem do primeiro...esta na hora de tirar da minha lista.

ANTONIO NAHUD disse...

Só não conheço EVIL, Celo. ENTRE OS MUROS DA PRISÃO é obrigatório. Muito bom.

O Falcão Maltês

J. BRUNO disse...

Também ainda não vi nenhum dos três, já tem bastante tempo cheguei a começar a ver Código Honra,mas não terminei, nem lembro o porquê... os outros dois me deixaram mais curioso... Eu também gosto da temática e sei que ela rende ótimos filmes... Vou colocar os dois últimos na minha lista, que já está enorme...

Alan Raspante disse...

Não conhecia os três. Gosto do tema e fiquei interessado em conferi-los, principamente esse "Entre os muros da prisão"...

Maxwell Soares disse...

Olá, Celo. Não vi, ainda, nenhum dos 3 filmes apresentados. Essa linha dramática é pra mim sempre um "prato cheio", gosto desta linha de produção.

Hugo disse...

Ótima postagem.

Este "Código de Honra" é um filme que sempre deixei para ver depois. Preciso conferir.

Quero ver também "Entre os Muros da Prisão".

Assisti apenas "Ondskan", que de longe é o melhor filme de Mikael Hafstrom. Temática forte, atual e com cenas cruéis dentro do colégio. De Hafstrom eu indicaria também o pouco conhecido "A Maldição do Lago", que também se passa num colégio.

Abraço

Excelente paralelo Celo. Não conheço este francês "Entre os muros da prisão", mas os outros dois são ótimos filmes que permanecem às margens do conhecimento da maior parte dos cinéfilos. Um resgate oportuno que fizeste!
Abs

O primeiro filme, Código de honra, eu conheço e apesar de não achar que seja um super filme, gostei. Particularmente não gosto muito do Ben Affleck...


Dos outros dois fiquei com muita vontade de assistir "Entre os muros da prisão"! Já o último, não me interessou tanto...

bjks JoicySorciere - Blog Umas e outras...

Unknown disse...

Cris, todos os 3 filmes são bons, acho q vc vai gostar mesmo, mas na minha opinião EVIL é o melhor deles;

Renato, qd tiver tempo assista aos 3;

Antonio, ENTRE OS MUROS DA PRISÃO é muito bom mesmo, mas se puder assista EVIL, q é excelente.

Unknown disse...

Bruno, boas inclusões na lista, assista EVIL primeiro;

Alan, repetindo como um mantra...hehhe...assista tb EVIL;

Maxwell, obrigado pela visita, se puder assista algum deles, sei q vai gostar.

Unknown disse...

Hugo, com certeza EVIL é o melhor de Hafstrom, até pq só tem feito filmes de aluguel nos EUA, assisti esse MALDIÇÃO DO LAGO tb, é um bom filme mesmo;

Reinaldo, obrigado pelo elogio!´É verdade, poucas pessoas conhecem esse filmes, mas valem muito a pena serem descobertos;

Joicy, EVIL é um filmaço, vale a pena ser visto.

Abs a Tds!

Não conhecia nenhum dos 3. Ótimas dicas, Celo. E vc tá chegando lá, hein? Daqui a pouco estamos no 365! grande abraço!

Unknown disse...

Fabio, são filmes otimos mesmo, é tamu quase lá...hehehe...Abs!