A adaptação de uma obra-prima dos quadrinhos para o audiovisual é muito difícil, principalmente quando escolhem como formato o live-action, coisas que nas HQs funcionam, podem não se sair bem na tela e acaba sempre rendendo um bocado de polêmica, principalmente quando se ofende boa parte da mitologia do personagem, como no caso do Constantine com Keanu Reeves, que como adaptação é uma das mais execráveis, mutila o personagem ao maximo, mas como filme de ação até que passa e talvez esse seja um dos maiores problemas nessas produções, a descaracterização de um mito, como no caso do Demolidor, que de um dos personagens mais fortes do universo heróico caiu no limbo do esquecimento por causa daquela aberração produzida com Ben Affleck no papel de Matt Murdock.
Bom, a divagação inicial que foge do tema do texto que é sobre a animação Batman Ano Um é para revelar o quanto sou fã e respeito o universo dos quadrinhos, considerada por muitos a nona arte, ficando atrás do vídeo game que seria a oitava (?) (deixa Will Eisner escutar isso...). Bom, a minha cinefilia certamente foi impulsionada pela leitura de infinitas historias, algumas que primavam pela narrativa e com o tempo fui conhecendo quem as realizava, os preferidos de infância sem dúvida eram Todd McFarlane, Stan Lee, John Romitta e o glorioso Frank Miller que em 1986 com parceria de David Mazzuccheli concebeu umas das melhores mini-series em papel já lançadas e que revolucionou a temática do Cavaleiro das Trevas, a sombria Ano Um (que ainda tenho original da época e em bom estado).
Esse que vos escreve (nerd?), com seus 10, 11 anos imaginava que se a mini-serie de Miller fosse filmada quadro a quadro seria a obra perfeita, irretocável ao ver daquela imaginativa mente. E eis que então em 2011, a própria DC que faz parceria com a Warner, que usou sua equipe de confiança no quesito animação e talvez ainda na tentativa de manter a editora estável no mercado de heróis, da qual andam em baixa depois do fiasco de produções mainstream como Lanterna Verde e provavelmente se apoiando na credibilidade da franquia de Nolan, lança no mercado de home-video a animação que seria a leitura visual e literal de Ano Um, assim como foi imaginada por mim e provavelmente por muitos outros moleques espinhentos. Bom, não dá para dizer que foi uma grande decepção, mas que foi meio insatisfatório isso foi.
Assim como nos quadrinhos, o foco da historia é sobre o capitão Jim Gordon, recém chegado em Gotham City, cheio de ideais, mas que logo percebe que a cidade está afundada em corrupção. Batman é quase um coadjuvante, salvo quando mostra Bruce Wayne arquitetando a projeção perfeita para o que seria um combatente do crime que ameaçasse os bandidos. Engraçado que o longa carrega todos os elementos da historia clássica, mas os principais momentos de dramaticidade são encurtados em detrimento de seqüências de ação que são até bem feitas, mas que acabam tirando totalmente o clima soturno que a HQ carregava. Até mesmo a cena em que Batman fica sitiado pela policia em um apartamento abandonado e arruma uma solução inusitada para se safar e que nos quadrinhos fazia muita gente delirar, pareceu um tanto morna quando ganha movimentos.
Nos EUA, Batman Ano Um ganhou a avaliação PG-13, que faz ressalva sobre violência excessiva e material sexual, o que alude sobre uma temática mais adulta e realmente o filme tem alguma violência, uma outra cena de sexo entre Jim Gordon e sua amante ou mesmo a sensualidade de uma novata Mulher-Gato. A produção foi bem recebida pelo público americano, mas mesmo com todos esses elementos atraentes, aliados a um traço vistoso que foge de um desenho tradicional e mais banal, no final de tudo, ficou parecendo ser apenas uma produção mais esmerada visualmente feita sob medida para agradar o público juvenil.
7 comentários:
Pelo que entendi do seu texto, o material original não foi muito bem adaptado. Uma pena quando isso acontece. De qualquer maneira, acho que eu conferiria este filme.
Gosto muito do BATMAN, mas não cheguei a acompanhar nenhuma animação protagonizada por ele. Prefiro as versões "carne e osso" (rs).
Celo, eu tenho a edição encadernada de Batman Ano Um em perfeito estado de conservação. Parece que foi comprada apenas um mês atrás, quando na relidade ela já tem 22 anos. É uma das minhas HQs preferidas desde sempre, acho que perde apenas para "O Cavaleiro das Trevas".
Ainda não vi essa adaptação para animação, mas, pelo que voce falou, parece perder mesmo a força dos quadrinhos, que deveria ser 8ª arte, já que surgiu antes dos games e, para ser sincero, não considero games como arte. Abraço!
Kamila, vale uma olhada,pode ser até q goste, mas como fã do original é inevitavel que eu não torça o nariz para como foi desenvolvido;
Gilberto, das em carne em osso nem tds prestam tb...hehehe;
Fabio, raridade hein? A minha é da epoca tb, mas ta meio desgastada...hehehe...
Tb não considero o Video Game como algo q possa ser chamado de uma verdadeira arte, pq implica muitos fatores, mas sem duvida em uma das industrias mais rentaveis atualmente. Se fosse para classificar, os quadrinhos deveriam ser a Oitava mesmo.
Abs a Tds!
Ah!!!
Eu gosto da série animada dos anos 90 e que culminou em dois longas metragens bacaninhas: "A Máscara Do Fantasma" e "Mr. Freeze- Abaixo de Zero"!
Não vi este, mas não é a primeira vez que leio críticas negativas.
Deve ser chato e um pesadelo adaptar HQ´s pq tem que se preocupar em colocar a porra dos detalhes (rs), já que é um storyboard visual.
Abs.
Esse daí tem cara de ser muito colorido, ou seja, bem diferente da escuridão que Gotham exala por natureza. Mas gosto do Batman, e é um dos meus heróis favoritos... esse parece ser bom.
Rodrigo, é verdade, deve ser chato mesmo, pq tem q colocar os detalhes e agradar os fãs das hqs...hehehe;
Victor, não é ruim, mas tb não é um maravilha, poderia ter rendido mais.
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