Se teve uma época que realmente impulsionou minha cinefilia foram os anos 80, inúmeros filmes assistidos repetidas vezes, alguns de gosto duvidosos é verdade, mas o que importava era a diversão e a década de 80 talvez seja lembrada com carinho por muitas pessoas por ter esse cunho divertido mesmo. Tanto que nela o cinema considerado pipoca se estabeleceu e até hoje é o que movimenta o público a ir ao cinema. Foram anos deliciosos e inevitavelmente saudosos para mim e com certeza para muita gente. Os textos abaixo relembram dois filmes diferentes entre si, mas que fizeram muito sucesso nas sessões da tarde da vida:
-Mulher Nota 1000 (Weird Science/John Hughes/1985)
Um sujeito que pode ser considerado o papa do cinema jovem nos anos 80 era John Hughes, diretor de obras marcantes como Clube dos Cinco, Gatinhas e Gatões, Curtindo a Vida Adoidado e escritor de uma outra infinidade delas, Hughes tem em Mulher Nota 1000 um dos seus maiores sucessos. Tudo bem que essa produção não tem o caráter discursivo das outras citadas, mas dialoga de forma muito divertida sobre um dos principais temas em voga na era oitentista, a iniciação sexual e a popularidade. O diretor usa referencias de filmes de ficção cientifica e terror para conceber a historia de dois jovens que criam à mulher perfeita usando um computador em casa. A mulher perfeita no caso é a maravilhosa Kelly LeBrock que povoou o imaginário adolescente por muito tempo, afinal, quem não queria ter uma mulher daquela a disposição para o que der e viesse? Além da saudosa Kelly, o filme também tinha um dos atores preferidos de Hughes que era Anthony Michael Hall, um jovem realmente talentoso, mas que o envolvimento com drogas acabou lhe privando de uma carreira de sucesso mais extensa. Mulher Nota 1000 carrega bem o clima catártico das produções da década, todos parecem viver o último dia de suas vidas e coisas realmente impossíveis que desafiam a física acontecem nessa realização, como uma casa inteira voar por uma chaminé ou ainda a quadrilha de sádicos invadir uma festa. Um filme delicioso que guardo com carinho em algum lugar do meu desgastado cérebro;
- O Último Dragão (The Last Dragon/Michael Schultz/1985)
O ano de 1985 foi um dos mais prolixos da década de 80, com produções que arrebataram o mundo e viraram clássicos totais, como De Volta para o Futuro, A Hora do Espanto e até o citado acima Mulher Nota 1000, sem comentar os dramas. Além dessas produções com cunho mais populares, 1985 também produziu obras menores, mas que ganharam o publico como O Último Dragão. O diretor Michael Schultz realizou muita coisa nos anos 80 e 70, incluindo uma versão cinematográfica de Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band de 1978 com Peter Frampton e Bee Gees no elenco que não teve muito sucesso. O Último Dragão foi uma das produções derradeiras da Motown, uma produtora que primava por trazer artistas negros em suas obras e além de algumas produções para o cinema, como uma versão do Mágico de Oz que trazia um jovem Michael Jackson e Diana Ross nos papeis principais, a Motown ganhou maiores notabilidades por lançar inúmeros excelentes artistas negros da musica norte-americana. Nessa obra, Schultz misturou tudo o que podia de referencias da cultura negra como a black-music (a trilha sonora é sensacional e talvez melhor que o filme), com o sucesso dos videoclipes e ainda parodiou artistas em evidencia na época como Madonna. Mesclou tudo isso a uma historia sobre artes-marciais inspirada em Bruce Lee (?). Isso mesmo! Dessa junção improvável surgiu o carismático Bruce Leeroy (Leroy Green) e seu antagonista inesquecível Shogun (Julius Carry). O filme é isso, um produtor de musica picareta quer impor que uma de suas cantoras seja lançada em uma discoteca capitaneada por uma DJ das mais sexys, no meio disso Bruce Leeroy entra como guarda-costas da moça e para enfrentar o discípulo negro de Bruce Lee, o produtor contrata o querido Shogun, um sujeito que se acha o maioral do Brooklyn na porradaria e quer desbancar o ingênuo Leeroy a qualquer custo. O Último Dragão é um filme que peca em muitos sentidos, o roteiro apresenta furos enormes e as atuações mais caricatas impossíveis, mas afinal, quem liga? Esse eu guardo na minha memória afetiva e quando revejo, volto a ter 10 anos e bate uma saudade daquelas...
Os anos 80 já são lendários, muita gente pode criticar ou mesmo achar bizarro, mas talvez essa tenha sido uma das décadas mais criativas para o mundo. Existe muito material de qualidade duvidosa produzido nessa época, isso é verdade, mas era realmente louvável a intenção de ser criativo, não havia o medo de tentar, se pecava pelo excesso de ousadia e não pela falta e talvez por isso se sinta tanta falta dessa magia oitentista.
5 comentários:
O John Hughes tinha algum talento. Era uma espécie de Richard Quine ou Blake Edwards. GATINHAS E GATÕES é bem divertido.
O Falcão Maltês
Nossa, "O Último Dragão" é cult e ao mesmo tempo trash. O ator principal assinava como Taimak e nunca mais apareceu no cinema.
Já "Mulher Nota Mil" é a típica comédia dos anos oitenta, que vale pela sensual Kelly LeBrock, que acredite, foi casada com Steven Seagal.
Abraço
Confesso: ainda não assisti nenhum dos dois, se tiver assistido não me lembro... mas de uma coisa eu lembro, quando ganhei meu primeiro vídeo game foi com alguns amigos em uma locadora alugar fitas (de super nintendo), a mulher da locadora estava jogando algumas revistas no lixo e nós pegamos algumas, a que eu fiquei tinha a Kelly LeBrock na capa, guardei a revista por muito tempo, ele tinha um formato enorme, e durante muito tempo eu sonhava em ver aquele filme com aquele mulher lindíssima, guardava a revista quase como se fosse uma playboy...
Adoro Mulher nota 1000 e todos os outros filmes do John Hughes.
Antonio, é vdd, Hughes tinha talento mesmo;
Hugo, isso mesmo! Taimak, por isso achei estranho o nome q colocaram no imdb...huahua... gosto do dois filmes, mesmo sendo diferentes, sabia q tinha sido casada com Seagal, mal gosto nê?
Bruno, Kelly LeBrock era quase uma deusa nos anos 80...huhuha
Gilberto, tb gosto de tds do Hughes
Abs a TDs!
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