Bom, faltam pouco mais de 30 filmes para o fim da proposta de assistir 365 filmes em 1 ano. Nas postagens costumo comentar pouco do desafio ...

326 - 327 - Dois Dramas sobre o Nazismo

Bom, faltam pouco mais de 30 filmes para o fim da proposta de assistir 365 filmes em 1 ano. Nas postagens costumo comentar pouco do desafio porque não quero tirar o foco do cinema, que é realmente o que importa. Quando resolvi enveredar por essa viagem de assistir tantos filmes no espaço de um ano (apesar de sempre ter assistido muitos filmes, mas nunca contado) sabia que quando chegassem final de novembro e o mês de dezembro teria dificuldades para escrever porque essa é a época que costumo mais trabalhar, além de ainda ter os afazeres normais do fim de ano. Tanto que no começo do blog fazia textos menores porque já vizualizava a dificuldade que teria para concebê-los no final do ano, mas o prazer esquecido que a escrita voltou a me proporcionar fez com que ousasse divagando em textos de 3, 4 e até 5 parágrafos. Tem sido prazeroso esse estudo de alguns filmes, sem contar a interação e amizade que adquiri com pessoas que tem gostos em comuns, talvez essa a verdadeira e grande conquista de todo esse tempo escrevendo nesse espaço que cada vez mais venho me afetuando.

Essa explanação inicial é para justificar o formato que os textos devem começar a ter nessa reta final, como não posso e não quero deixar o trabalho de lado, as postagens continuarão até completar os 365 filmes. Até agora foram postados 325 filmes no blog, mas já foram visto quase 340 e infelizmente como já disse não tenho tido tempo para escrever tanto como gostaria. Então, quem freqüenta meu blog já deve ter percebido que tenho trazido postagens duplas ou triplas e provavelmente até o final de 2011 elas serão mais recorrentes do que esse humilde escritor amador gostaria. Os dois filmes dessa postagem são dramas que trazem como temática o nazismo:

 - O Aprendiz (Apt Pupil/Bryan Singer/1998)

Terceiro filme na carreira do diretor Bryan Singer, O Aprendiz é a historia de Todd (Brad Renfro), um jovem arrogante que descobre que um morador de sua vizinhança foi um carrasco nazista. Kurt Dussander (Ian McKellen) é o nome do velho nazista que mora disfarçado como americano, se passando ainda como um bom velhinho. Todd desenvolve uma espécie de fixação por aquele senhor aparentemente frágil e usando de chantagem (como não revelar a localização de Dussander para as autoridades) obriga que o ex-carrasco conte suas terríveis historias de guerra. Aparentemente desse improvável relacionamento parece surgir uma amizade, poderia até ser uma historia de redenção, mas não é, ate porque a obra é baseada em uma novela de Stephen King, então não esperem algo trivial. Singer se apropria muito bem do texto e cria uma contundente obra, daquelas para causar reflexão mesmo, será que uma pessoa poderia deixar de ser má? Interessante que Dussander é imbuído de certa gentileza, como se quisesse causar simpatia ao expectador, mas quando o garoto vai o fazendo relembrar de suas abomináveis ações aquele espírito maligno então adormecido vai ressurgindo e involuntariamente ou não, Todd vai adquirindo certas nuances da personalidade do alemão, levantando outras questões: será que a maldade já vem no nosso DNA? Uma pessoa pode ser má por natureza ou ser doutrinada para tal? Diria que O Aprendiz é um filme obrigatório, de grandes atuações, tanto do veterano McKellen quanto do novato Renfro, que infelizmente se entregou as drogas e desistiu da promissora carreira e veio a falecer em 2008 de overdose;

- Napola (Dennis Gansel/2004)

Ambientado no começo da Segunda Guerra, Napola é o retrato de uma instituição que formava novos nazistas, cuidados, tratados e doutrinados na filosofia desde a infância, como Hitler desejava e sonhava. Sem acesso a qualquer cultura que não fosse à imposta pelo regime. A historia vai se formando pelo olhar de Friederich Weimer (Max Riemelt), um jovem proletário com talento para o boxe que ao ser descoberto por um “olheiro” nazista é convidado para ir estudar em Napola, nome por qual é conhecida a tal instituição. Com a família sendo contra o regime nazista, Weimer foge de casa para poder ter a chance de sua vida, já que quem não fosse a favor do nazismo tinha pouca chance de crescer na vida naquela Alemanha e foi assim que o regime angariou muitos adeptos, que viam a chance  de ter uma boa vida em locais como esse, o que ainda não deixa de ser uma manipulação e do pior tipo. Então de uma maneira impressionante somos apresentados a todo tipo de doutrina que o regime nazista usava (desde violência mental a física) para fazer a lavagem cerebral naqueles jovens, poucos ousavam levantar algum questionamento sobre os fundamentos apresentados, até que o filho escritor (Tom Schilling) de um oficial de alto escalão começar a se rebelar contra aqueles preceitos. Nesse ponto o filme cresce e ganha contornos mais dramáticos e intimistas em torno daquele sensível e incompreendido rapaz que ainda desenvolve uma amizade especial com Weimer (na verdade o filme levanta certas dúvidas se o rapaz não seria apaixonado por Weimer, mas não chega a dar espaço para esse tema). O olhar do jovem escritor vai mudar radicalmente a postura do boxeador em relação ao nazismo. Ainda com cenas visualmente lindas, Napola é um filme tão bom e obrigatório quanto O Aprendiz, uma  plausível visão de como um governo mal intencionado pode corromper e transformar de forma negativa uma geração inteira.






9 comentários:

Luís disse...

Rapaz, eu tenho que confessar que eu ADORO "O Aprendiz". Acredito que o filme, como você bem apontou, é muito próximo do texto literário e isso é fundamental, porque a obra de Stephen King é realmente pungente nesse aspecto, o que lhe confere uma qualidade a mais, a meu ver.

Adoro o momento em que o garoto dá ao velho uma roupa que conseguiu e o velho enlouquece, num momento catártico de reencontro com aquilo que verdadeiramente lhe causa prazer. Simplesment eum momento maravilhoso da direção de Singer!

Correndo agora para cumprir os 365? hehe

Bom demais o post duplo, Celo!

"O Aprendiz" é um filme de puro terror psicológico, merecia ser mais visto e valorizado pelos cinéfilos. Como o Luís disse, eu acho que a obra adaptada de King atinge uma qualidade única nas mãos de Singer, um diretor cuidadoso.

Saudoso Renfro, um ator que sempre sentirei falta, foi cedo, assim como tantos outros.

Ah, "Napola" é meu próximo post no Apimentário, comento melhor lá o que achei, mas faço coro contigo. É um bom estudo de uma trama real, acho que o filme não se aprofunda na relação 'amorosa' dos dois garotos, mas tudo fica subtendido sim, existia ali algo a mais, dá pra perceber, pelo menos por parte do personagem vivido por Schilling.

PARABÉNS, bons textos!

renatocinema disse...

O Aprendiz assisti no cinema e me encantei com a atuação de Renfro

Hugo disse...

O tamanho do texto sobre determinado filme depende de vários fatores, como nosso gosto, a proposta do filme e situações que podem ser inseridas no contexto, mas não é fundamental a quantidade de parágrafos ou palavras.

Gostei da dica de "Napola", não conhecia o filme e a temática chama a atenção.

Já "O Aprendiz" é um pequeno grande filme, com atuações assustadoras de McKellen e Renfro. Como você bem escreveu, Renfro jogou fora a carreira e a vida se entregando as drogas.

Abraço

Unknown disse...

Luis, tb adoro O APRENDIZ, essa cena citada por vc é foda mesmo, o exato momento em que ele volta a se sentir como sentia, grande atuação de Mckellen;

Ailton, to na media, mas to tendo dificuldade é para compor os filmes;

Cris, valeu pelos elogios, tb gosto dos dois filmes, apesar de achar O APRENDIZ mais contudente, NAPOLA é mais sensivel, mas mesmo assim passa a mensagem com qualidade.

Unknown disse...

Renato, otima atuação de Renfro mesmo;

Hugo, com certeza, mas a vontade de esmiuçar as obras, acaba me fazendo sempre querer escrever mais e acabo achando que me alongo ou não consigo sintetizar os textos, mas tenho muito o que aprender mesmo, mas confesso q tem sido um aprendizado bem divertido. Assista NAPOLA é um bom filme.

Abs a Tds!

Artur Barz disse...

As questoes q vc levanta em sua critica me fazem me lembrar de Hanna Arendt, a Banalidade do mal.

Pois bem, os alemaes fizeram, naquela epoca, o q qualquer pessoa no mundo faria: se submeter as convecoes de seu tempo visando o sucesso na vida burocrata, ou visando sobreviver naquele meio, sem antes meditar sobre as consequencias q a subordinacao irracional pode causar...

Unknown disse...

Artur, exatamente isso! GRande comentario no post, não tinha jeito, era até compreensivel, digamos assim. Vlw pela visita! Abração!