Estreante na direção de longas, o jovem e talentoso Esmir Filho, em seu primeiro trabalho concebe uma das mais belas obras nacionais dos últimos anos. O poético Os Famosos e os Duendes da Morte é a comprovação de que a região sul do Brasil tem se preocupado em realizar com qualidade, sempre trazendo obras no mínimo interessantes e se confirmando como cinema de qualidade na cena brasileira. Além de render diferenciadas interpretações, o filme mostra uma beleza visual impressionante e usada com habilidade, o que é poucas vezes visto no recente cinema nacional.
A concepção de Esmir Filho se mostra um tanto sensível, tratando isolamento, tristeza, depressão, amizade, amor, morte e vida com um olhar a partir de um jovem confuso (Henrique Larré) com seus sentimentos, que ama Bob Dylan e mantém um blog chamado Mr. Tambourine Man. Ele quer ir a uma apresentação do cantor em um lugar indeterminado, mas mora em uma cidade interiorana, distante dos grandes centros, ele conhece o mundo através da internet, aonde mantém um relacionamento platônico com uma jovem. Enquanto se digladia com seus sentimentos, o rapaz tenta se encaixar naquela sociedade bem peculiar, seja fumando maconha com o melhor amigo enquanto resenham sobre vida e morte ou tentando compreender o que motiva as pessoas daquele povoado, que vez ou outra se arremessam à morte da ponte da cidade, como para aplacar a falta de sentido de suas vidas.
Os Famosos e os Duendes da Morte vêm sendo comparado bastante ao cinema independente de Gus Van Sant, o que procede, pois assim como o diretor americano, Esmir Filho trás uma visão bem apropriada do universo jovem, com os conflitos internos que muitas vezes ficam suprimidos e podem render conseqüências terríveis. Porém, o nosso diretor faz isso com mais ternura, criando belas seqüências ao som de canções de Bob Dylan, que soa como influência para toda obra, seja no nome Jingle Jangle de uma das personagens ou marcando um dos mais belos momentos do filme quando o Mr. Tambourine faz um passeio com um rapaz um tanto perturbado que vaga pela cidade. A cena em que o carro deles passa por uma ruazinha de barro e eles ficam acendendo e apagando o farol é linda demais, um momento único que rende todos os louvores a essa produção.
6 comentários:
Gostei do filme. Achei bem original, diferente mesmo. Acho a concepção dele pequena, mas que tem resultados grandiosos. Esmir Filho tem que voltar nos longas metragens. Também é dele aquele hit do youtube: Tapa Na Pantera.
A comparação com Van Sant ainda me é distante.
Abs.
Belíssimo filme. Esmir Filho tem futuro.
O Falcão Maltês
Esse filme é muito bem intencionado e mostra toda a capacidade e talento do Esmir Filho. A trama também tinha um potencial muito grande, mas acho que o diretor acaba se perdendo em soluções narrativas que chegam perto de um lugar comum.
Rodrigo, as comparações até q procedem, mas não vejo tantas semelhanças assim;
Antonio, é um belo filme mesmo;
Kamila, sabe q nem me preocupei com a trama, achei ate q rende interpretações, mas a beleza elucidada me chamou mais atenção do que a historia em si, a cena em q surge uma espiral com o menino rodando tb é de uma beleza impar;
Abs!
É legal conhecer cinematografias distantes do eixo Rio-São Paulo, um outro filme que conheci esse ano e que não foi tão comentado é a produção piauiense "Ai que vida", aliás uma produção bem mambembe, mas vale o registro de conhecer, o filme eu encontrei na net e não é difícil de achar.
abs
Elson, com certeza fora do eixo Rio-São Paulo nasce muita coisa boa, pena q muitas vezes pouco divulgada. Não ouvi falar nesse filme, mas vou dar uma procurada. Abração!
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