A pouca apreciação do trabalho de Michelangelo Antonioni , tendo visto apenas The Passenger , talvez me afaste de um entendimento maior de ...

284 - Blow-Up - Depois Daquele Beijo (Blowup/Michelangelo Antonioni/1966)


A pouca apreciação do trabalho de Michelangelo Antonioni, tendo visto apenas The Passenger, talvez me afaste de um entendimento maior de Blow-Up – Depois Daquele Beijo. A minha intenção era de assistir antes A Noite, A Aventura ou O Eclipse (todos que tenho aqui, mas reluto em assistir, mesmo sabendo que devem ser obras-primas). A motivação para assistir esse veio do texto publicado recentemente no excelente blog Diário de um Cinéfilo, que costumo freqüentar e interagir bastante com seu administrador Ailton Monteiro, que escreveu com propriedade sobre o filme.

Antonioni é tratado como um cineasta difícil, até entendo essa alcunha, mesmo que tendo assistido apenas duas realizações desse diretor, ambas são de uma lentidão impressionante, em que pouca coisa parece acontecer ou o que acontece às vezes não parece ser tão importante assim para o filme, como o que seria o verdadeiro assunto principal de Blow-Up, a tal seqüência de fotos tiradas as esmo de um casal e que guardaria um segredo terrível, fazendo a moça clicada tentar reaver as fotos com o concebedor das mesmas, Thomas (David Hemmings), fotografo renomado, antenado com moda e de atitudes um tanto blasé. Esse encontro entre os dois rende uma sensível cena recheada de desejos e que é estranhamente interrompida, mas talvez a intenção do diretor fosse causar essa sensação mesmo.

Assim como alguns de seus compatriotas, Antonioni parece ser um realizador de esmero visual, construindo muito de sua narrativa com belas cenas, seja passeando junto com o imponente conversível de Thomas e assim amostrando boa parte do clima modernoso da sociedade inglesa durante aqueles anos 60 ou na belíssima seqüência em que o fotografo tira as comprometedoras fotos da personagem de Vanessa Redgrave ou na revelação das tais fotos em sua casa quando parte do mistério é revelado ou ainda em uma cena em que Thomas entra em um show de rock e encontra toda a platéia catatônica, para depois explodir em catarse quando um dos músicos lhes arremessa uma guitarra quebrada pelo mesmo no palco. Como contraponto a falta de diálogos construtores de trama, o cineasta insere um curioso clima sensual, causando certa atmosfera de mistério no filme, com destaque para a seqüência em que Thomas e duas modelos se digladiam em meio a papeis para arrancarem as roupas uns dos outros.

Blow-Up – Depois Daquele Beijo é um filme que exige um pouco mais de atenção do expectador, mas vale muito assisti-lo com interesse e prestando atenção em seus detalhes. Talvez caiba naquele conjunto de obras para serem sentidas em vez de entendidas, mas de qualquer maneira acho que é um filme que deve ser visto mais de uma vez, para uma apreciação mais completa. A seqüência final, com o grupo de mímicos jogando tênis, é uma das coisas mais bonitas que vi em matéria de cinema. Digna de fazer parte de um filme considerado obra-prima.


9 comentários:

ANTONIO NAHUD disse...

Gosto desse filme, Celo, principalmente porque retrata a década de 70 londrina com bastante realismo. E a Vanessa tá linda!

O Falcão Maltês

Anônimo disse...

Olha, dezenas de pessoas me indicaram esse filme, e eu com certeza irei conferir, mas ainda estou a caça.

Grande filme. Supremo!
Um dos meus favoritos. E vale lembrar que com Profondo Rosso, Argento meio que transformou Blow Up em um giallo. Fodástico.

E merece mesmo uma revisão, até mesmo pq não é de fácil compreensão.

Abs!

beto disse...

Putz, Antonioni, assim como Godart são aqueles cineastas que todos falam bem,, mas não consigo assimilar. Assisti este filme a uns vinte anos atrás,assim com "A Noite" e "A Aventura" e achei chatissimo. A pergunta é: Devo tentar de novo, ou ficar com a primeira impressão mesmo? Difícil né. Tantos filmes para ver... Mas quem sabe dou uma nova chance a este grande cineasta. Agora, pro Godard, de jeito nenhum, gosto de não gostar, hehehe.

Kamila disse...

Um filme clássico e atemporal. Adoro o final! E a forma como o diretor constroi sua trama.

Rodrigo Mendes disse...

Blow-Up – Depois Daquele Beijo é uma obra prima Celo, eu gosto.

Abs.

Godard é ótimo para refletir e escrever a respeito, como num ensaio viajanate, mesmo que você não entenda bem o filme. hehe. Aí o filme cresce na memória, a partir do momento que o comentamos. Quanto a esse filme do Antonioni, em particular, acho belíssimo e nada chato. Bem diferente de A NOITE, em que nada parece mesmo acontecer. hehe. Sou mais Khouri, que fez parecido e melhor! haha

Alan Raspante disse...

obra-prima que eu ainda não vi...

Unknown disse...

Antonio, Vanessa esta linda mesmo, uma blz exotica, tb gostei do filme;

Cleber, vale uma olhada mesmo, mas assista com vontade!;

Victor, essa comparação com Profondo Rosso faz sentido, é um filme q merece mais de uma olhada, mas vou dar um tempo para isso;

Beto, eu gostei de Blowup, mas ainda estou assimilando, qt a Godard, só assisti Acossado, mas tem tempo e lembro q achei chatissimo, mas de repente uma olhada com outros olhos;

Kamila, tive q ter um pouco de paciencia para me acostumar com o desenrolar, mas o resultado foi satisfatorio, o final é magico mesmo;

Rodrigo, como disse, tb gostei, mas talvez não tenha conseguido assimilar todas suas nuances, apesar q nesses dias q se passaram, ele já cresceu nas minhas impressões;

Ailton, ainda não comentei um Godard, mas tenho vontade de rever Acossado, para ver se assimilo as maravilhas q falam, achei Blowup um pouco monotono no começo, mas depois curti seu desenrolar, principalmente nas cenas dentro do galpão do fotografo, não duvido tb q Khouri tenha feito melhor hehehe;

Alan, como já disse ao Cleber, vale um apreciação, mas assista com vontade;

Abs a Tds!