Baseado em um texto de Nelson Rodrigues, O Beijo no Asfalto, adaptado para o cinema pelo cineasta Bruno Barreto e com roteiro de Doc Comparato, é a historia de Arandir (Ney Latorraca), funcionário de uma repartição, que presencia um atropelamento e na intenção de socorrer a vitima acaba sendo o primeiro a chegar ao local. O moribundo atropelado, na iminência da morte, pede que Arandir o beije, que prontamente atende ao pedido.
O caso acaba indo parar no jornal e Amado Pinheiro (Daniel Filho), um jornalista inescrupuloso, aproveita para tentar fazer o seu nome encima da historia. Criando assim uma discussão publica se a vitima e Arandir seriam amantes e levantando essa questão homossexual, então tratada como crime na historia, já que Arandir é casado com Selminha (Cristiane Torloni).
A obra também tem outros personagens importantes, como Aprígio (Tarcisio Meira), pai de Selminha e sogro de Arandir, homem serio que desconfia da índole do rapaz e possui uma estranha fixação por ele, com o verdadeiro motivo revelado no final. Dália (Lídia Brondi), irmã de Selminha, que aparentemente é apaixonada pelo marido da irmã e não acredita que Arandir seja gay e Cunha (Oswaldo Loureiro), o militar que vai ajudar Amado Pinheiro e fazer de tudo para provar a historia do jornalista, até mesmo torturar Selminha.
O Beijo no Asfalto é considerado por muitos como a melhor adaptação de Nelson Rodrigues para o cinema, se bem que gostei mais de Boca de Ouro de Nelson Pereira dos Santos, mas essa realização de 1981 é um filme que alcança excelência em quase tudo que se propõe, desde as atuações, totalmente criveis, a trama bem conduzida, que não dá ponto sem nó, aonde todos são suspeitos e com condutas pouco confiáveis, armando bem o cenário para um texto Rodriguiano.
O filme também tem cenas marcantes e ousadas, como a do banho de Lídia Brondi, em que a atriz aparece nua em pelo, em uma seqüência super sensual e que talvez levante mesmo suspeitas sobre a sexualidade de Arandir. A realização dialoga com temas tabus na época, como o já citado homossexualismo e até incesto, mesmo que de uma maneira velada, e tem um dos epílogos mais explosivos do cinema brasileiro. Um filme com seu lugar na historia. Nota 08.
4 comentários:
Concordo contigo. Gosto mais de Boca de ouro e, tb, de Toda a nudez será castigada, do Jabor. Mas esse aqui é uma ótima adaptação de Nelson Rodrigues. E seu ótimo texto faz justiça as maiores qualidades do filme.
Abs
Reinaldo, obrigado pelo elogio, seja sempre vindo ao Blog. Toda a Nudez será Castigada ainda não assisti, mas é um dos que esta na lista. Já estou com ele aqui. Esse O Beijo no Asfalto é um filme nacional acima da media mesmo.
Sem dúvida, "Toda Nudez" é fantástico. Assista, pois tem fácil em DVD. Eu vi este filme na TV há tempos atrás, gostaria de rever. A cena final é clássica, imagina só o Tarcisio Meira, maior galã na época, gay... Deve ter sido um choque. Como vc conseguiu a cópia? Pois não tem em DVD, acho.
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Muito bom esse BEIJO NO ASFALTO. Mas Nelson Rodrigues no cinema é quase garantia de sucesso. O próprio Neville D'Almeida fez um filme genial baseado numa obra dele, OS 7 GATINHOS, que eu nunca esqueci pelo seu caráter grotesco. Mas talvez o melhor de todos seja mesmo TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA, do Jabor.
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