O diretor Kevin Smith não é uma unanimidade, isso é mais do que verdade, mas sou fã do homem, desde seu O Balconista, aquele sarcasmo todo me identificou bastante com a minha adolescência. Smith trata muito bem de nerdices e afins, com textos imbuídos de cultura pop, fazendo muitas vezes referencias a Hqs, que o mesmo considera o seu berço. Nunca imaginaria que poderia conceber um petardo como Red State. Provavelmente nem deve ser lançado no cinema no Brasil, pois teve uma estréia pífia nos cinemas americanos, o que acabou por tornar a obra maldita, talvez os próprios fãs do trabalho do diretor não tenham apreciado a realização, que foge totalmente das inclinações anteriores e em minha opinião, Smith comete o seu melhor trabalho aqui.
O filme trata de uma situação envolvendo um grupo fundamentalista de religiosos, um deles a monstruosa Melissa Leo, estabelecidos em uma pequena sociedade rural americana. Eles são totalmente contra o homossexualismo e se embasam através do pastor Abin (Michael Parks incrível) que incita a violência explicitamente e subvertendo a Bíblia. Acabam por seqüestrar três jovens para lhes aplicar um severo castigo, mas após uma seqüência de erros dentro da propriedade da Igreja, que ainda carrega um paiol de armamento pesado, uma equipe de policiais anti-terrorismo instauram um cerco, com tendências tão violentas quanto a dos religiosos e um inevitável tiroteio tem inicio.
Nesse fogo cruzado, Smith até consegue imbuir algumas cenas de certo humor, mas a violência é notável nesse filme, surgindo de forma estilizada e mostrando as verdadeiras facetas de como a paranóia tem influenciado o povo americano depois do 11 de setembro, tanto que em uma cena, quando um dos agentes representado por um ótimo John Goodman se reporta a seu superior sobre a presença de crianças dentro da propriedade, recebe uma resposta um tanto enfática dizendo que se fosse em 10 de setembro de 2001 tudo seria diferente, que agora eles são tão terroristas quanto os que combatem. Acho que isso ainda não tinha sido dito de uma maneira tão clara em uma produção americana, talvez essa militância de Smith contra a neurose coletiva tenha sido um dos motivos do fracasso de seu excelente filme em terras ianques.
Red State pode significar um marco para o cinema de Kevin Smith, ainda veremos se positivamente ou negativamente, mas aqui ele mostra um apuro que não aparece em outras produções suas, o excesso de diálogos sai (apesar de ter uma enérgica seqüência racista de 16 minutos do Pastor destilando sobre como o homossexualismo é prejudicial) para dar entrada a uma ágil linha narrativa visual muito bem construída, criando tensão e fazendo o expectador refletir sobre o que é apresentado. Louvável a maneira como constrói a situação sem tomar partido direto e mesmo usando uma sociedade tão peculiar dentro da vastidão do território americano faz um relato das seqüelas da queda de um Império. A única reclamação é não poder conferir esse no cinema.
P.S: Rolou uma Postagem especial de Dia da Bruxas no excelente Blog lematinée da colega Natalia Xavier. Intitulado Mentes Pertubadas que Renascem do Inferno, homenageia os psicopatas e as mentes mais problemáticas do cinema que relutam em sempre voltar das trevas. Contribui com quatro mini-textos no Top 10 feito. Acessem! Ficou divertido demais: Mentes Pertubadas que Renascem do Inferno.
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